Com a apresentação da atriz Audrey Tautou, o Festival de Cannes teve encerramento neste domingo, 26, com a consagração do drama francês La Vie D’Adele (A Vida de Adele, na tradução), do franco-tunísio Abdellatif Kechiche, que recebeu a Palma de Ouro de Melhor Filme e o Prêmio da Crítica Internacional. A obra de Kechiche foca a história de amor entre duas adolescentes e tem cenas de sexo explícito, expressando perfeitamente o momento em que o direito de escolha das pessoas quanto à sua sexualidade está sendo reconhecida pela justiça em uma onda que varre o mundo da falsa moralidade, mesmo tendo milhares de infelicianos se debatendo contra o direito de cada um ser como quiser
Léa Seydoux e Adele Exarchopoulos ladeiam o diretor Abdellatif Kechiche, ganhador da Palma de Ouro por LA VIDA D’ADELE (2013) Foto: Alberto Pizzoli/AFP
O Festival de Cannes-2013, se fazendo uma análise quanto aos cineastas premiados, foi o da consagração a alguns dos grandes criadores de obras de arte. Além de Kechiche, Cannes agraciou os estadunidenses Ethan e Joel Coen, o japonês Hirokazu Kore-Eda e o chinês Jia Zhang-ke, enquanto, ao mesmo tempo, consagra jovens realizadores como o mexicano Amat Escalante e o cingapurense Anthony Chen. A cinematografia de Cingapura é a mais nova a emergir nos festivais internacionais. Já o cinema mexicano já vem em uma ascendente desde o final dos anos 90.
La Vida D’Adele é o 6º trabalho de Kechiche e 3 deles foram adquiridos para o Brasil: A Esquiva (2003), O Segredo do Grão (20078) e Vênus Negra (2010) – todos disponíveis em DVD. A sua premiação em Cannes expressa a realidade vivida por diversas sociedades do planeta que tentam dar um golpe mortal na discriminação em uma das áreas mais importantes do homem: a sexualidade. Vários países já tornaram lei o casamento entre homossexuais e esse direito é um golpe, também, na homofobia. La Vida D’Adele expressa essa atualidade ao contar a história de duas estudantes adolescentes, Adèle (Adèle Exarchopoulos), garota de 15 anos e que se relaciona com homens, até conhecer uma colega de cabelos azuis, Emma (Léa Seydoux), estudante de Belas Artes, com a qual tem despertado o desejo e a paixão e aprende a se conhecer como mulher.
Cartaz e cena de LA VIDA D’ADELE (2013), de Abdellatif Kechiche
Steven Spielberg, presidente do júri, diz que a premiação não foi política, ou seja, ela não deu em função da questão atual da união gay. Somos convidados a acompanhar essa história de amor dilacerante. O diretor não pôs nenhum constrangimento na direção e tirou uma grande performance dessas duas atrizes jovens e formidáveis. É incrível a maneira como ele deixa os personagens respirarem. Ficamos felizes que alguém tenha tido a coragem de contar a história desse jeito. Para nós é uma grande história de amor que carrega uma mensagem muito positiva. E a propósito, as personagens não se casam, brincou o cineasta.
Christian Mungiu, ganhador da Palma de Ouro por 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (2007) e do ainda inédito Além das Montanhas (2012, a ser exibido em agosto pelo Cinema de Arte), o cineasta romeno integrante do Júri afirma que é ótimo quando você esquece que está no cinema, parece que a vida está ali do seu lado. La Vida de Adele não é um filme gay, é puro cinema.
Confira os Vencedores da 66ª edição do Festival de Cannes.
Palma de Ouro
La Vie D’Adèle (França), de Abdellatif Kechiche
Grande Prêmio
Inside Llewyn Davis (EUA), de Joel e Ethan Coen
Grande Prêmio do Júri
Like Father, Like Son (Japão), de Hirokazu Kore-eda
Melhor diretor
Amat Escalante (México), por Heli
Melhor roteiro
Jia Zhangke (China), por Touch of Sin
Melhor atriz
Berenice Bejo, por Le Passé
Melhor ator
Bruce Dern, por Nebraska
Câmera de Ouro/Obra de estreia
ilo ilo (Cingapura), de Anthony Chen
Veja um trecho de La Vie d’Adele.
Clique aqui para assistir o vídeo inserido.
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